quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ser ou não ser mulherão? És a questão.



Engraçado, como nossa sociedade é cheia de frescura, preocupada com aparência, com status, e com tantas bobagens, eu, por exemplo, cresci tendo em mente ser um mulherão, aquele tipo de garota bonita, charmosa, sensual, popular, segura de si e madura. Um mulherão tem cabelos cumpridos, um franjão sempre escovado, unhas bem feitas e vermelhas. Mulherão toma cerveja, vai pra barzinhos, e só sai com caras populares, claro! Mulherão só chega causando, sempre na moda, antenada, disputada, e foda, pois é, com a licença da palavra, um mulherão nada mais é que uma mulher foda!

Durante meus 12 aos 17 anos, era a fase de querer provar ser esse tal mulherão, e eu até confesso que boa parte dos meus complexos foi por querer tentar provar tanta coisa. Foram tantas tentativas que por fim eu consegui, e provei que eu era uma tremenda idiota, atropelei tanta fase, quis viver tanta coisa antes da hora, construí uma imagem totalmente diferente daquilo que eu realmente era, e fiz tão bem feito, que tem gente que conviveu comigo durante anos, e não sabe verdadeiramente quem eu sou. Mas, na verdade, eu construí um castelinho de areia na beira da praia, e passou uma onda derrubando tudo, todo aquele meu mundinho fútil veio ao chão. Foi ruim, mas serviu como um choque de realidade, e deu pra rever todos os meus conceitos, hoje eu sei que sou um alguém totalmente diferente.

Hoje eu sou uma mulher foda, sou um mulherão porque sou linda do meu jeito, porque me respeito e porque sei impor respeito como mulher, porque eu brinco, porque eu corro, porque canto, porque eu danço no meio da rua, porque eu não saio com os populares idiotas, porque eu curto mais conteúdo do que imagem, eu sou mulherão porque faço careta pra tirar foto, e saio na rua vestida de mulher maravilha, porque danço o “funk do xixi” com minhas sobrinhas, eu sou mulherão porque desenho bichinho nas unhas, porque não faço sexo com qualquer um, porque eu não tenho vergonha de quem eu sou, nem de onde eu vim, nem preciso criar histórias mentirosas pra contar vantagem, só preciso mostrar quem eu realmente sou, e é desse jeito que eu conquisto qualquer um.
É impossível voltar no tempo para concertar as bobagens que fiz, e recuperar as pessoas que perdi, mas isso me serve de alerta pra não cometer os mesmos erros novamente, a única coisa que me angustia é ver outras meninas nesse mesmo caminho, saber que lá na frente também vão quebrar a cara, mas é aquele tipo de coisa que a gente só aprende vivendo, pode levar 5, 10, 15 anos, às vezes só se aprende no fim da vida, mais um dia a gente sempre aprende.

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